DIOECESIS LEIRIENSIS-FATIMENSIS
I. O Sinal do Céu: Um Sol que Dança pela Conversão dos Corações
Amados filhos e filhas,
há 108 anos, na pequena Cova da Iria, o Céu se inclinou à terra. O dia 13 de outubro de 1917 foi um marco de luz para a humanidade, quando o sol, como que desprendido do firmamento, dançou diante dos olhos de milhares de pessoas. Crentes e não crentes, simples e doutos, contemplaram o prodígio anunciado por três humildes pastorinhos: Lúcia, Francisco e Jacinta.
O chamado “Milagre do Sol” não foi espetáculo para os olhos, mas chamado para a alma. Deus quis, por meio da Virgem Maria, despertar um mundo adormecido no pecado, recordando que o verdadeiro milagre é a conversão do coração humano. O sol que girou nos céus era símbolo do Coração de Cristo, que arde de amor e deseja irradiar misericórdia sobre todos.
II. A Palavra Materna: “Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor”
Na sua última aparição, Nossa Senhora, vestida de luz mais brilhante que o sol, entregou ao mundo um apelo que ecoa até hoje:
“Não ofendam mais a Deus, Nosso Senhor, que já está muito ofendido.”
Estas palavras, tão simples e tão profundas, são o compêndio de toda a espiritualidade de Fátima. A Mãe de Deus não veio exigir façanhas, mas a penitência do amor, o retorno à oração, à confissão, à conversão pessoal e à reparação dos pecados que ferem o Coração de seu Filho.
O milagre visível do sol foi apenas o selo de um milagre invisível: o de uma Mãe que não se cansa de chamar seus filhos à santidade. Fátima é a catequese do coração, o evangelho vivido nas lágrimas da humanidade, um altar erguido entre o Céu e a terra.
III. O Rosário: Arma e Escola de Conversão
Ao longo das seis aparições, a Santíssima Virgem repete com ternura materna:
“Rezai o Rosário todos os dias.”
O Rosário é a corrente luminosa que liga o coração do homem ao coração de Deus. É oração de simplicidade e de profundidade, onde cada Ave-Maria é um passo de retorno ao Pai. O Milagre do Sol, em sua força simbólica, revela o poder desta oração: o sol do mundo físico se move para mostrar que o sol da graça ainda pode nascer nos corações que rezam.
Que em cada paróquia da Diocese de Leiria-Fátima, neste jubileu espiritual dos 108 anos, o Rosário seja novamente entronizado nas famílias, nos grupos e nos corações, como fonte de paz e de renovação espiritual. O mundo precisa de corações ajoelhados, e não apenas de palavras elevadas; precisa de filhos que escutem a Mãe.
IV. Fátima, luz para as Nações e espelho da Igreja
A mensagem de Fátima é profecia permanente. Ela continua a ressoar em cada geração como eco da voz de Cristo que chama à conversão. “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5): este é o programa de Maria desde Caná até a Cova da Iria.
Hoje, a humanidade se encontra novamente diante de sombras e incertezas. As guerras, as divisões, a indiferença religiosa e o esquecimento de Deus clamam pelo mesmo remédio: oração, penitência e conversão.
O Milagre do Sol não se repete no céu, mas pode repetir-se na alma que se abre à luz divina. Cada confissão bem feita, cada Rosário rezado com amor, cada gesto de caridade silenciosa é um novo “sol” que dança diante de Deus, iluminando o mundo.
V. Chamados a ser sinal de luz
Queridos irmãos e irmãs, a Diocese que guarda este tesouro não pode deixar que o brilho de Fátima se apague na rotina. Somos chamados a ser reflexo do Sol de Justiça, a fazer resplandecer a fé em nossa vida diária, em nossas comunidades, nas famílias e nas vocações que florescem sob o olhar de Maria.
Peço aos sacerdotes e diáconos que dediquem o mês de outubro à meditação do Rosário e à pregação sobre o sentido da conversão. Aos consagrados e fiéis leigos, que façam de suas vidas um testemunho do “sim” de Maria — humilde, fiel e luminoso.
VI. Conclusão: O Coração que Reflete o Sol
Ao recordarmos os 108 anos do Milagre do Sol, elevemos os olhos e os corações à Senhora do Rosário, Estrela da Evangelização. Que o seu manto luminoso cubra novamente o mundo, dissipando as trevas do pecado e reacendendo em nós a chama do amor a Deus.
“Meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”
Que esta promessa seja o alicerce da nossa esperança e o caminho da nossa diocese:
de coração convertido, irradiar a luz de Cristo, que nunca se apaga.