Levanta-te! És testemunha do que viste!

Fazemos chegar a vocês todo o texto partilhado no Sinodo dos Bispos em Leiria 

Bom dia a todos. 

Excelentíssimos Bispos presentes, caríssimos presbiteros, diaconado, seminários e lustres representantes das várias entidades envolvidas nesta Sé De Minecraft. 

Antes de mais agradeço a vossa presença, nesta jornada de apresentação, do tema do novo Ano Pastoral. 

Todos temos clara consciência dos tempos difíceis que atravessamos, mas todos temos também Esperança no Futuro. É é isso que significa a Apresentação do novo Ano Pastoral, Esperança no Futuro.

Este ano, todos temos consciência de que este vai ser um caminho longo, bem mais longo do que gostaríamos. Mas se fazemos a Programação de um Novo Ano Pastoral, recuperando muitas das atividades que estão em "atraso", é porque acreditamos na progressiva recuperação de uma normalidade possível.

Mas não se trata apenas de tentar recuperar tudo aquilo que está em atraso, mas sim construir novas formas de chegar a novas almas, a novas idealizações de uma Igreja Futura, a novos desafios e trabalhos.

Trabalhamos também para o conforto dos Peregrinos que chegam a cada dia, à Casa da Mãe, por isso achamos por bem a Criação de um Centro de Escuta.

Iniciamos também neste Novo Ano Pastoral, um Ano Espiritual, o "anno domini m°" com o tema: "Como Maria, portadores da Alegria e do Amor". Este ano tem como horizonte a realização das Jornadas Mundiais Da Juventude em Novembro de 2022.

Os objectivos globais, definidos para este Ano consubstanciam as grandes linhas orientadoras Pastorais do Santuário e da Diocese.

O horizonte comum a todos eles é por um lado a tentativa de discernir os desafios à interpretação e proposta da mensagem de Fátima, emergentes à atual situação cultural da Diocese, ainda em construção, e por outro lado, o desejo de sintonizar o Santuário, com o processo de preparação das Jornadas Mundiais Da Juventude. 

Os objectivos gerais definidos são os seguintes, apenas para recordar:

- Reforçar a Proposta da Mensagem de Fátima com apelo à Conversão e aperfeiçoar os processos internos que ajudem os Peregrinos a vivê-la. 

- Acolher e apresentar a Mensagem de Fátima como o Anúncio da Boa Nova da Alegria e do Amor. 

- Configurar o estilo, as propostas pastorais e as estruturas do Santuário como lugar de acolhimento aos Peregrinos em situação de Fragilidade ou Sofrimento. 

- Desenvolver dinamismos pastorais que potenciem o Santuário como lugar de experiência de Deus. 

- Desenvolver processos de integração e participação dos jovens na vida e na missão do Santuário. 

- Viver piedosamente o Tempo Santo e Pascal. 

- Viver a Semana Pastores B. Mariae Virginia's, com o intuito de aprofundar a Celebração dos Santos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. 

Para este Ano Pastoral, optámos pelo seguinte tema : Levanta-te! És Testemunha do que viste! 

Assim, este ano o tema é constituído pelas palavras de Jesus Ressuscitado a São Paulo:

"Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!"

Partindo desta frase Bíblica, escolhemos o tema deste novo ano. Escolhemos também um excerto das memórias da Irmã Lúcia, que nos ajuda a interpretar este tema:"Há luz da Mensagem de Fátima". Trata-se das palavras de Francisco, que faz referência ao ver como forte experiência de Deus: "Gostei muito de ver Nosso Senhor, mas gostei mais de o ver naquela luz, onde nós estávamos também". 

Mas sobre este tema não me alongarei, porque sobre o tema que nos guiará ao longo deste ano, viveremos lo no dia a dia. 

Para a vivência deste Ano Pastoral, preparámos alguns elementos de apoio tais como, o cartaz e outros suportes gráficos que nos recordarão ao longo do ano, o tema que guia a Diocese e o Santuário. 

Mantemos a oferta de um itenerario orante como proposta aos Peregrinos. 

Preparámos o programa de atividades, com as diversas funcionalidades da Diocese, desde o seminário, à Pastoral da Juventude. 

Não posso deixar de fazer referência, também ao acontecimento que marca este Ano Pastoral, que agora queremos lançar, O Centenário da Voz Da Fátima. 

Já iniciámos a Celebração deste Centenário no passado mês de Dezembro, em mas a celebração estender-se-à até Outubro de 2022. 

Mas temos ainda mais Atividades. 

As Jornadas da Comunicação e Leitura, reunirão especialistas em várias áreas e responsáveis de imprensa de Inspiração Cristã, que refletirao sobre o papel do jornalismo católico, na construção do "Mundo Moderno". 

Em Junho, acolheremos o mês "Fátima dos Pequeninos" que se remete à vivência e oração pela Juventude. 

Finalmente para encerrar o Centenário será dada a estampa, uma publicação científica sobre o jornal, com o contributo de investigadores de diferentes universidades mundiais, que terá a coordenação do Diretor do Departamento de Estudos do Santuário, serviço que contribuirá também para alguns textos produzidos pelos seus investigadores. 

Acreditamos que este programa comemorativo será uma forma digna de lembrar aqueles que ao longo de um século de existência, escreveram e leram a Voz Da Fátima. 

A nível da Formação e Reflexão, este Ano preparámos um ciclo de Encontros na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, que inclui momentos de reflexão e de fruição musical. 

Teremos outras atividades, oferecemos uma série de propostas variadas de formação e vivência espiritual na escola do Santuário. 

Também a nível cultural, este ano nos trará um programa musical que nos acompanhará nos diversos momentos. 

Dito isto termino a minha intervenção e também, vos deixarei com um pequeno momento musical, com o coro Schola Santorum, os jovens deste nosso Santuário. 

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Dom Tiago Cardeal Pina


Permitam-me que vos trate familiarmente, meus irmãos e irmãs em Cristo. Saúdo a todos os que estão aqui presentes, desde o Excelentíssimo Dom Ricardo Dias, Núncio Apostólico do Brasil e também Arcebispo de Mariana. Saúdo também o Arcebispo Metropolitano de São João del Creeper, O excelentíssimo Dom Marco António. Os demais bispos auxiliares, (Dom Filipe Ferreira, Dom Erick Breno, Dom Eduardo Taras) e os demais convidados e amigos. 

É uma palavra de encerramento, que tem que ser breve e embekezarei um pouco o tema do Ano: Levanta-te, constitui te testemunha para anunciar o Cristo. 

Ora bom, alguns sabeis que este tema foi feito também à luz da mensagem de Fátima, quer dizer, quer da mensagem do anjo da Paz, quer da Senhora e da Experiência de fé dos Pastorinhos. 

Em primeiro lugar, o contexto, é depois três verbos. 

Levantar, ver, testemunhar. 

Em primeiro lugar o contexto é o início do Ano Litúrgico Pastoral no Advento. 

Um teolego alemão, à pouco tempo falecido, escreveu que a grande doença do nosso tempo é o esquecimento de Deus. O esquecimento do sentido e da beleza do mistério da encarnação de Deus connosco. Se Deus, aquele que vem com vida, para fazer connosco a história de salvação e não de perdição. Um mundo salvo é não um mundo perdido. 

Este esquecimento é resultado hoje, de uma indiferença, face ao mistério de Deus, dá impressão que vivemos numa espécie de eclipse rural, da presença de Deus seja nas consciências, nas famílias, na socialidade e cultura. Que resulta dessa atitude de indiferença de quem diz ou pensa, não preciso dele para nada, passo bem sem ele. 

E muitos são levados a sentir mais as necessidades materiais do que a falta da presença de Deus. 

Por outro lado, é uma indiferença em relação a Deus que leva também a uma indiferença em relação aos outros, de quem passa ao lado ou volta a olhar para não ver os que sofrem ou o mundo em sofrimento. 

O que conta é o mero bem estar de cada indivíduo só, em si mesmo. Um ambiente que contagia por vezes também as comunidades cristãs, que aliás é típico da Europa que vivam o cansaço cultural e que contagiem também por vezes as comunidades cristãs com um cansaço da Fé. 

Uma fé adormecida, anestesiada, e por isso mesmo, ao longo do advento aparecia muito esta exortação. 

Levanta-te, levantaivos, erguei a vossa cabeça e olhai para o alto, como quem convida a levantar a mente e o coração para além das crises e catástrofes que se vivem e escortinarem uma luz de vida, de esperança e salvação, porque há salvação, porque há Salvador. Há redenção porque há redentor. 

Levanta te da tua paralisia, da tua fé adormecida ou anastesiada, da tua indiferença. Porque o Senhor vem e acompanhar-te no caminho. 

Foi esta mensagem de Fátima é também uma exortação, uma exortação muito séria, às vezes impressionante, à primeira vista, exatamente para despertar o mundo ameaçado em cair em ruínas, despedaçado, em guerras mundiais e a própria igreja que sofria também o próprio risco de ser iniquilado. 

Ora bom. A primeira mensagem ao anjo da paz  refere se à adoração de Deus, trazer a adoração de Deus, precisamente para o centro de vida da Igreja e de vida do mundo. 

É a primeira experiência com que a Senhora brindou os pastorinhos, foi exactamente com a experiência de Deus, uma experiência de uma visão interior, uma visão mística, orcociente com toda a interioridade, toda a intimidade, com toda a envolvencia da pessoa, corpo, alma, sentimentos, a tal ponto que essa novidade, novidade de Deus, assim experiênciada por graça mística, não se trata de ver com os olhos físicos, é de facto uma visão interior, ou essencial e invisível aos olhos, só se vê bem com a visão ao coração, na Bíblia, ouvir este verbo ver, significa ver intimamente, profundamente, intimidade. 

Por tanto esta visão que provoca em quem é agraciado por ela, coloca deslumbramento, fascínio, encanto, assombro, atração. 

E foi isso que eles exprimiram, sobretudo o Francisco. "o que mais gostei foi de ver Deus naquela luz, naquele mar de luz em que se envolveu a senhora e que penetrou o nosso peito. 

É depois quando diz, a certa altura aquela luz que ardia mas não queimava, oh como é Deus. 

Isso sim, que não se pode dizer. 

Não se pode dizer, não é por ser segredo, mas sim porque não há palavras, assim tão ricas e tão belas para expremir tão grande mistério. 

Este apelo portanto à presença de Deus, a acolher Deus que vem naquele tempo era dirigido, sobretudo um mundo e uma igreja ameaçada pelo ateísmo militante, ateísmo totalitário, de quem combate Deus, de quem procura expulsa lo, tirá-lo fora da cultura e das consciências. 

Hoje não é assim, pelo menos no ocidente, temos muitos cristãos que sofrem o martírio, o martírio de sangue. 

hoje o maior obstáculo à fé em Deus é a indiferença,e a esta indiferença só se pode responder de facto com o testemunho de uma fé viva vivida e experiencial. 

Um outro grande teólogo alemão, isto em 1969,escrevia:

O cristão de amanhã, ou seja isto é no futuro, hoje, nós, ou será místico ou não será cristão. 

Porque consinto que hoje somos chamados a interiorizar, a tornar cada vez mais interior e mais profundamente interior esta experiência de Deus. 

Porque se não fica uma fé rotineira, uma fé de hábitos, o que quer dizer, vazia. 

E vazia não dá testemunho não dá nada. 

Bom, hoje enfim, essa experiência eles procuram cultiva lá sobre tudo através da devoção eucarística, de estar junto de Jesus, Deus connosco na Eucaristia, junto do Jesus escondido. 

E hoje assistimos a uma falta de devoção a esta raridade única, maravilhosa, espantosa, aliás nós dizemos mistério admirável da nossa fé. 

Mas depois deixamos de o admirar porque o deixamos de praticar. Longe de vista longe do coração. E depois nesta experiência, fizeram uma outra experiência muito típica nesta mensagem de Fátima. 

De ver. O ver, viram isto é conheceram, mas conheceram com o coração, implicando a eles mesmos, o designo amoroso de Deus, a sua misericórdia, a este mundo, que como disse se estava ameaçando em ruínas de destruição. Mas não era só este designo misterioso, de misericórdia, que o anjo disse: Deus tenha sobre vós desígnios de misericórdia. O anjo não disse só aos pastorinhos mas para nós, para o mundo, ao mundo sofredor. E por isso sentiram se que eram chamados a ser colaboradores de Deus, como crianças, mas para serem testemunhas desta colaboração para nós hoje, deste chamamento à colaboração, desta misericórdia, isto é da compaixão, que foi expressão muito viva. 

A própria Jacinta que tinha compaixão com todos os que sofrem e não só os que sofrem as dores físicas, mas também as misérias do mundo quando ela diz numa visão:

Vossemecê não vê tantas estradas, tantos caminhos, cheios de gente a chorar... 

Por causa da fome,por não terem de comer? 

É isto que vemos hoje... 

Só refugiados, que fogem da guerra, que fogem das misérias. Que querem salvar as crianças. 

Enfim,tudo isso, é também para nós este Levanta-te e vê, é Levanta-te e testemunha. 

Vou testemunhar o triunfo do amor sobre os dramas da história, que é a última palavra que a Senhora dirige por fim

O meu coração imaculado triunfara e será concebido ao mundo um período de paz. 


Porque conseguinte a esta esperança, a esta confiança que nos deixa a cair no vatalismo, de que é impossível transformar o mundo, de que o mal é mais forte do que o bem, e por conseguinte é esta a mensagem de misericórdia de que a Misericórdia do Senhor, traduzida através da nossa compaixão solidária de uns com os outros, é mais forte do que o poder do mal, é o triunfo da misericórdia nos dramas da história. 


E isto exige naturalmente então, uma conversão que é antes de mais teologal, isto é do coração que se relaciona com Deus e fraterna com os irmãos. 


E se quisermos resumir enfim tudo isto termino então nessa promessa que é para nós esperança, esperança ativa, comprometida, não é de quem está à espera de um comboio numa estação. 

É para quem trabalha para isso. 

É a paz mundial e a unidade para a Igreja universal. Eram os dois grandes eixos nesta mensagem. 

Termino aqui, a minha palavra, terminando também esta mensagem, que para mim é creio para todos nós nos diz muito. 

Só lembrar a todos que iremos iniciar a Eucaristia da Abertura do Novo Ano Pastoral, NA Basílica da Santíssima Trindade. 


Um agradecimento a todos vocês e então veremos nos daqui a pouco para celebrarmos todos juntos. 

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